domingo, 15 de julho de 2012

Eu sou uma laranja inteira

     O amor é um sentimento assim: inesperado. Digo isso porque às vezes, sem mais nem menos, ele encontra a gente.
E as vezes não.
E não tem nada de errado nisso.
     Os cientistas o estudam. Os filósofos teorizam sobre ele. Os poetas o transforam em estrofes. Os músicos transformam-lhe em melodia. E todos o almejam - desde o menininho de 5 anos filho de um pai ausente, até a senhorinha do 911 que costura para as vizinhas e nunca se casou, passando pela mocinha de 19 anos na fila da balada de tamanco de acrílico e tubinho preto, que se justifica para si mesma com a libertação sexual mas que não conhece Beauvoir - todos, conscientemente ou não, buscam ser amados.
E não tem nada de errado nisso também.
     Mas hoje em dia nosso conceito de amor está muito deturpado. Estamos ficando muito carentes. Somos tão bombardeados pelo conceito de paixão arrebatadora pregada pela música e pela literatura, que sentimos que nós precisamos de alguém para sermos completos. De repente você não é o suficiente para si mesmo: Você tem um pedaço faltando que precisa desesperadamente encontrar. É aquele clichê da metade da laranja. Você como indivíduo é um quebra cabeça semi-montado. 
     Mas e se eu não me contentar em ser apenas a metade de uma laranja? E se eu quiser ser uma laranja inteira? Porque eu peço perdão aos filmes de Katherine Heigl, mas o meu maior objetivo na vida não é encontrar um grande amor. Ou pior, ter de carregar a imensa responsabilidade de ser o grande amor de alguém.
     Não é que eu o despreze. É claro que eu gosto de sentir borboletas no estômago ao conhecer alguém. É claro que eu quero ter um par de pés para esfregar nos meus debaixo do edredom. Mas e se não acontecer? E se eu chegar ao status de senhorinha e nunca tiver tido uma aliança no dedo? E se eu tiver tido paixões lindas, arrebatadoras, inesquecíveis - mas passageiras? E daí?
     Que me perdoem os românticos, pois eu sei que o amor é lindo. Mas eu me recuso a deixar meus dias passarem esperando que ele bata na minha porta como se a minha felicidade dependesse unicamente dele. Que me perdoem aqueles que se enxergam como apenas a metade de uma laranja, aguardando ansiosamente por alguém que os complete, mas eu sou inteira.

Um comentário:

Inaie disse...

Eu também sou uma laranja inteira...mas adoro brincar com outras laranjas!

Feliz 2013 e se você voltar a blogar, me avise que eu voltarei a te seguir.