domingo, 1 de julho de 2012

O grande, o pequeno e o insignificante

     Eram 11000 metros acima do chão e a primeira vez em que eu estivera numa daquelas máquinas horrorosas. A ansiedade por tudo que eu veria dali a algumas horas me enchia de uma expectativa diferente de qualquer outro sentimento que eu pudesse ter experimentado antes. 
     Foi ali, naquele vôo comercial, enquanto o sol nascia sobre a Espanha, que eu olhei para baixo e me dei conta de uma verdade absoluta talvez óbvia, talvez boba, mas que na hora teve toda a importância para mim: O mundo era muito, muito grande.
     E eu era muito, muito pequena.
   Aquilo me atingiu: Não havia nada com o que me preocupar. Aquele mundo enorme era grandioso demais. Os meus pseudo-problemas, com todo o respeito por eles, eram por demais insignificantes diante de tudo aquilo. Toda a minha melancolia, tudo aquilo com que eu vinha lidando nos últimos tempos como quem trava uma batalha - nada daquilo importava. Era tudo pequenininho, tudo simples. Fácil de se resolver. E eu, pequena e insgnificante como eu era, queria fazer parte daquele mundo incomensurável que eu via pela janelinha do avião. Mas para isso talvez eu precisasse me esquecer um pouco do mundinho franzino e cinza que as vezes, à noite, eu permitia que se instalasse dentro de mim - se eu permitisse.

Nenhum comentário: