quinta-feira, 25 de agosto de 2011

viver, morrer, viver, morrer...

O que eles não entendiam é que não era que eu queria me matar, nem que eu queria morrer. Eu apenas queria não existir. Na realidade o que eu queria era que essa sensação não existisse, mas ela estava aqui havia tanto tempo que eu tinha medo que ela fosse eu e eu fosse ela e eu não pudesse matá-la sem matar a mim mesma.
Eu não queria mais me sentir uma expectadora da minha própria vida. Era como se eu visse as pessoas a minha volta e as situações se desenrolando diante dos meus olhos, as vezes até interagindo comigo, mas eu não estava lá de verdade, eu estava apenas assistindo aquela cena que se repetia como um filme na minha mente, assistindo uma cópia de uma cópia daquela cena, porque nada daquilo parecia real. Eu não parecia real.
Eu queria escapar daquela apatia, porque nos últimos tempos eu não sentia nada, só um grande vazio, um oco, um vácuo. O único sentimento que existia - de vez em quando - era a dor. E até ela era cada vez mais rara.
Eram tempos difíceis.
Foi aí que eu começei a me preocupar - apesar de não terem se preocupado comigo - quando eu começei a sentir alívio no sofrimento, porque pelo menos o sofrimento era algo que me fazia me sentir viva, naqueles dias de zumbi que eu vivia, meio lá e meio cá, meio viva e meio morta, sem realmente pertencer a mundo nenhum, nem mesmo ao meu.
O que eles não entendiam era que eu não queria morrer. Eu queria estar viva.

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